Essa fotografia acima foi tirada em 2009 no reflorestamento com nativas realizado no parque Villa – Lobos na cidade de São Paulo por volta do final da década de 1980. Antes de ser parque ali, tudo era um antigo aterro sanitário desativado. Duas décadas depois, as árvores já tem mais de 1o metros de altura e formaram densos capões para quem vê de fora. Mas ao entrar dentro dessas matas a impressão que se tem é de estar em uma floresta inundável amazônica, que não tem outro estrato florestal a não ser o das árvores emergentes.
Onde estão o sub bosque com seus arbustos, cipós, palmeiras, árvores novas, ervas e arvoretas? Cadê as epífitas como bromélias, aráceas e orquídeas? Uma mata a poucos quilômetros dessa, dentro da USP, tem uma aparência bem diferente, mesmo sendo secundária, e os estratos estão todos presentes, como uma verdadeira floresta atlântica.
Para formar uma composição próxima a uma mata nativa precisa-se mais do que apenas uma plantação de árvores pioneiras, secundárias e clímax. Em uma floresta tropical as árvores são apenas parte do todo, e isso precisa ser observado por aqueles que planejam recomposições da vegetação original e são plantadores de árvores. Senão, todo o trabalho pode ter uma durabilidade efêmera, não apresentando potencial de regeneração e não atuando como uma mata tropical de verdade.
Ricardo Henrique Cardim
Esta constatação merece um aprofundamento analítico. Afinal, a idéia é que as árvores atraiam pássaros e outros integrantes da fauna, que por sua vez trariam sementes dos elementos “faltantes”. A explicação não seria que o “deserto” ao redor é muito grande, e que portanto não há fauna, ou que esta não traz nada de novo em termos de sementes?
Monika.
Existem vários modelos de recuperação de Mata Atlântica, sem entrarmos no mérito de como foi executado este plantio, temos hoje um sub bosque podre em espécies, além disso, é executado o corte indiscriminado do mesmo, em certas épocas do ano, teria que ser seletivo, pois se encontra várias espécies exóticas de árvores jovens dominantes, como a Leucena, entre outras, no sub bosque, atrapalhando as árvores jovens nativas. A diferença que noto entre o replantio da USP com o do Parque Villa Lobos, citado por Ricardo, é que o parque, é muito fragmentado, tendo um efeito de borda maior, com o vento e insolação, consequentemente aumentando seu ressecamento, atrapalhando a regeneração natural do sub bosque com as espécies que conseguem chegar ao parque por aves ou pelo vento. Como comentado pela Monika, sendo o parque uma ilha, fica difícil a chegada de espécies, sendo necessário localizar uma área com as mesmas características e num transecto retirar e levar uma camada de 10 cm de solo com húmus, e espalhar em uma área determinada com maior condição de regeneração. Naturalmente a área onde foi retirado deverá ser recomposta com serragem tipo cavaco, e assim se regenerará, cedendo este solo com as sementes para recuperação da área do parque. No caso das epífitas deverão ser levantadas as espécies pertinentes a localização do parque, e coletadas em vários locais para aumentar a diversidade genética com análise prévia de quantas poderão ser retiradas de cada local sem afetar sua regeneração. Com relação as espécies clímax, deverão ainda serem plantadas mudas no sub bosque, respeitando a quantidade de uma mata nativa. Sendo morador ao lado do parque em questão e conhecedor desta área desde a década de 70, apenas citei algumas propostas que deverão ser junto com outras discutidas para melhor recuperação da área do parque, e apresentadas a administração.
Olá Labbate,
Obrigado por suas considerações e enriquecimento das discussões.
att
Ricardo